O SILENCIAMENTO NO DISCURSO DAS MULHERES MIGRANTES QUE ATUARAM NA PRODUÇÃO RURAL ENTRE OS ANOS DE 1972 A 1979 EM SINOP-MATO GROSSO
Análise de Discurso; Mulheres migrantes; Produção rural; Sinop.
O processo de colonização das terras Mato-Grossenses resgata interdiscursivamente a memória da exploração das matas, da dominação do homem branco e da igreja católica. Deste modo, esta pesquisa inscreve-se em um acontecimento sócio-histórico-ideológico ao observar seu objeto de estudo, o discurso, em meio ao funcionamento das condições de produção na jornada migratória ao sonhado paraíso terrestre, Sinop e os efeitos de sentido do silenciamento das mulheres colonas, neste percurso. Logo, o objeto de investigação desta pesquisa são as mulheres migrantes que atuaram na produção rural no município de Sinop, entre os anos de 1972 a 1979, período este atravessado pelo imaginário de um possível enriquecimento familiar. Neste sentido, por meio dos materiais de análise como: livros, fotografias, mapas, jornais e sites, pretende-se mobilizar a teoria da Análise de Discurso de linha francesa, tendo como pressupostos teórico-metodológicos fundamentados pelos estudiosos Michel Pêcheux, Jean-Jaques Courtine, Eni Puccinelli Orlandi, Freda Indursky, Maria do Rosário Gregolin. Seu corpus será composto por oito entrevistas realizadas com mulheres que vivenciaram este recorte histórico, materializando-se na língua através da coleta, transcrição e identificação das sequências discursivas. Este método permite que haja a observação e a compreensão de como os conceitos de silêncio, memória, formação discursiva interdiscurso, intradiscurso, ideologia, posição-sujeito e a história são deslocados e (re)significam no discurso do homem enquanto provedor e desbravador, mediante a narrativa de sucesso do desenvolvimento econômico da cidade. Analisa-se, ainda, o predomínio da imagem da mulher como mãe, esposa, filha, seguidora dos dogmas religiosos e basilar da família tradicional, a exemplo da figura da colonizadora Nilza de Oliveira Pipino, e não como uma trabalhadora, uma protagonista de sua própria trajetória, no cenário capitalista.