EFEITOS DA SECA E DO FOGO NA DINÂMICA DE FLORESTAS DE GALERIA NA TRANSIÇÃO CERRADO-AMAZÔNIA
Florestas de galeria, dinâmica vegetal, mudanças climáticas, mortalidade de árvores
As chuvas são cruciais para o sucesso das plantas, principalmente para as florestas de galeria que dependem da umidade dos cursos d'água. No entanto, eventos extremos de seca e a interação com o fogo, causam alta mortalidade das árvores de espécies tropicais, impactando negativamente o acúmulo de carbono e a biodiversidade. Nosso estudo, conduzido ao longo de 22 anos nas florestas de galeria do Parque Municipal do Bacaba, em Nova Xavantina, Mato Grosso, buscou quantificar mudanças na estrutura e dinâmica vegetal, e avaliar os impactos de eventos de seca e fogo. Medimos todas as árvores com diâmetro à altura do peito (DAP) ≥ 5 cm, em relação ao diâmetro e a altura, em três parcelas de 0,5 ha cada. Observamos uma redução de 23 espécies (18,7%) e uma perda de 35,6% na densidade de indivíduos desde 1999 até 2021. As taxas de mortalidade aumentaram, enquanto as de recrutamento não compensaram as perdas, indicando um desequilíbrio no ecossistema. A área basal apresentou uma mudança líquida significativa, mas a biomassa manteve-se quase inalterada. Concluímos que a frequência de eventos de seca e fogo pode ter sérias consequências para a estrutura e dinâmica das florestas de galeria, levando à substituição e até a extinção local de espécies menos tolerantes a esses distúrbios.