BIOGEOGRAFIA E ECOLOGIA DE SAMAMBAIAS EM AMBIENTES RUPESTRES NO SUL DA AMAZÔNIA
Arco do desmatamento; fitogeografia; modelos de nicho ecológico; transição Amazônia-Cerrado
As samambaias estão associadas a ambientes úmidos, mas são capazes de colonizar ambientes rupestres devido à grande plasticidade adaptativa desse grupo. Neste estudo, examinamos a composição florística, distribuição geográfica, status de conservação e projetamos os efeitos potenciais das mudanças climáticas sobre a distribuição geográfica de espécies de samambaias de ambientes rupestres coletadas em parcelas de 1 ha em afloramentos rochosos da Amazônia Meridional e na região de contato entre os domínios da Amazônia e do Cerrado, Brasil. De posse das espécies ocorrentes nesses ambientes, compilamos suas ocorrências e status de conservação a partir de bases online. Previmos o impacto das mudanças climáticas em suas futuras (até 2070) distribuição potencial usando oito algoritmos, que se baseiam em regressão, aprendizagem de máquina e em distância e envelopagem bioclimática. Mostramos que a família Pteridaceae e o gênero Anemia (Anemiaceae) parecem ser característicos de ambientes rupestres da Amazônia Meridional e na região de contato entre os domínios da Amazônia e do Cerrado, por serem os táxons mais representativos. As espécies amostradas apresentam ampla distribuição e duas são restritas para o Brasil. Dentre os táxons identificados, dois encontramse classificados como “Pouco Preocupantes” e um como “Vulnerável”; por sua vez, os demais táxons não possuem dados suficientes para serem incluídas em alguma categoria de conservação, sendo aqui avaliados utilizando a extensão de ocorrência e a área de ocupação. Também mostramos que, em condições climáticas futuras, as mudanças potenciais influenciarão de forma negativa a distribuição das espécies de samambaias, com ampla ou baixa distribuição na região Neotropical. No entanto, nem todas as espécies de samambaias responderão de forma semelhante. Mudanças nas áreas potenciais de distribuição das espécies são projetadas para ocorrer em todas as sub-regiões e áreas de transição do neotrópico, bem como na Amazônia e na área de transição entre a Amazônia e o Cerrado. A distribuição potencial de algumas espécies poderá se tornar fragmentada e com declínio de áreas de adequabilidade abruptas entre o clima atual e o previsto até 2070. Áreas com adequabilidade máxima para as espécies de samambaias na região Neotropical estarão essencialmente restritas ao Panamá; na Amazônia e áreas de transição Cerrado-Amazônia brasileira, tais áreas deverão estar restritas à região setentrional e à região nordeste, respectivamente. As amplitudes de distribuição das espécies de samambaias implicam em impactos no funcionamento, resiliência e estrutura do ecossistema e na diversidade de samambaias na região Neotropical.