EFEITO DE BORDA E FOGO SOBRE A COMUNIDADE REGENERANTE DE UMA FLORESTA NA TRANSIÇÃO AMAZÔNIA-CERRADO
floresta de transição; fogo; regeneração; sub-bosque; copa; liana; lidar; plântula
Entender como as florestas e suas bordas se comportam após eventos de fogo é de extrema importância, pois permite melhorar a compreensão dos feedbacks que mantem o processo de degradação da floresta que se iniciam na borda e avançam floresta adentro. Entretanto, grande parte dos estudos não considera a interrelação de distúrbios que normalmente coocorrem. Além disso, frequentemente nos estudos da resposta da vegetação a distúrbios os estudos não focam nos indivíduos de pequeno que podem oferecer informações diretas sobre o processo de sucessão. Nesse trabalho avaliamos os efeitos de três regimes de queimadas experimentais (não-queimado, queimado anualmente e queimado três vezes) nove anos após o último incêndio, de diferentes distâncias à uma borda com agricultura e da estrutura da copa usando métricas LIDAR sobre a diversidade de dois estratos (Plântula: <1 cm; Arvoreta: < 5 cm de diâmetro) da comunidade regenerante de três áreas na transição Amazônia-Cerrado usando regressões. Encontramos que embora os povoamentos queimados tenham recuperado a riqueza comparado ao controle não queimado, a composição mudou completamente com as espécies de borda avançando para o interior da floresta, sendo essa composição controlada pelas características da copa e distância da borda. Além disso, verificamos que a estrutura da copa é altamente relacionada com a distância da borda, independente de regime de queimada, com a copa mais baixa e menos complexa próxima a borda. Não houve diferença na proporção média de lianas por parcela entre as áreas em plântula, mas em arvoreta, a área queimada anualmente sobressaiu sobre os demais. Ademais, a proporção de lianas por parcela, em geral, aumentou afastando-se da borda em plântula e decresceu arvoreta. Também abundância de lianas em plântula foi maior no controle não queimado, enquanto que em arvoreta, os tratamentos e distância com a borda não tiveram efeito sobre a abundância. Essas respostas apontam para padrões complexos de degradação com diversos distúrbios interagindo e atuando ao mesmo tempo. Concluímos que o tempo decorrido desde a última queimada não foi suficiente para recuperar as florestas queimadas, e que a distância com a borda cria um gradiente de composição que permite algumas espécies avançar para dentro da floresta no período de recuperação pós-distúrbios.