Ecologia populacional de Ameiva ameiva (Squamata, Teiidae) na transição Cerrado-Amazônia
Cerrado, conservação, demografia, lagartos, marcação-e-recaptura
A estrutura etária das populações naturais está em constante flutuação devido à influência de fatores genéticos, ecológicos ou ambientais sobre nascimentos, mortes e movimentos migratórios. Investigamos a ecologia populacional de Ameiva ameiva para avaliar os efeitos de variáveis microclimáticas (temperatura e umidade) na estrutura etária da população. Monitoramos lagartos por dois anos (agosto de 2015 a agosto de 2017) com 25 armadilhas de queda ao longo de um gradiente de vegetação em Nova Xavantina, Mato Grosso, Brasil. Usamos registradores automáticos de dados em todas as armadilhas para obter parâmetros microclimáticos. Os dois primeiros eixos do PCA explicaram 86% da variação nas variáveis do microclima, descrevendo um gradiente ambiental de queda de temperatura e aumento de umidade no cerrado sensu stricto ao cerradão. Encontramos maior frequência de capturas no cerrado sensu stricto do que no cerradão e nos meses de baixa precipitação. Ameiva ameiva apresentou reprodução sazonal com baixa sobreposição de gerações e recrutamento em abril e ciclo de vida anual. A variação espaço-temporal nas capturas de A. ameiva é influenciada principalmente pela temperatura máxima absoluta e umidade relativa diária máxima. Isso pode estar relacionado às características morfológicas e fisiológicas da espécie, o que permite uma ampla variedade de habitats e melhor termorregulação e oportunidades de forrageamento.