O RIO ARAGUAIA ESTÁ PARA PEIXE?
AVALIAÇÃO DA PESCA BASEADA NA MODELAGEM ECOSSISTÊMICA
Ecopath with Ecosim, ecossistema pesqueiro, estoque pesqueiro, sobrepesca, teia trófica.
Os ecossistemas nos provêm diversos serviços ecossistêmicos (diretos e indiretos), que podem produzir benefícios financeiros favorecendo os setores econômico, ecológico e sociológico. Um exemplo é a pesca, como fonte de geração de renda. Quando os estoques pesqueiros são extraídos fora do seu tamanho permitido o resultado é a sobrepesca, que ocasiona a degradação do ecossistema e pode prejudicar os setores ecológico e econômico. Desta forma, nosso objetivo foi avaliar o ecossistema e simular o impacto do esforço de pesca sobre a biomassa das espécies de um trecho do Alto rio Araguaia nos anos de 2013 e 2017, através da construção de um modelo da teia trófica. Para tal, utilizamos o software de modelagem Ecopath with Ecosim e indicadores ecossistêmicos. Como resultado, obtivemos um modelo da teia trófica com as espécies-alvo da pesca no trecho do Alto rio Araguaia que apresentou níveis tróficos definidos, com controle alternado em bottom-up (produtores e detritívoros) e top-down (espécies-chave). Os indicadores ecossistêmicos apontaram que a pesca teve oscilações em destaque entre os anos de 2015 a 2017, com capturas concentradas em espécies de categoria de nível trófico três, havendo queda nas espécies predadoras. Isso mostra que a pesca está concentrada em diferentes espécies que fazem parte do mesmo nível trófico. No entanto os indicadores apontaram que esse aumento é mínimo, informando que a pesca no trecho do Alto rio Araguaia é sustentável. A simulação dos esforços da pesca nos cenários entre 2013 e 2023 indicou queda de biomassa para os cenários futuros, comprometendo cinco espécies, sendo três espécies-chave: Sorubimichtys planiceps, Pseudoplatystoma fasciatum e Piaractus brachypomus. A redução da biomassa destas espécies deve acarretar a diminuição de seu estoque e alterar a dinâmica do ecossistema. As espécies Phractocephalus hemioliopterus e Cichla ocellaris indicaram sobrepesca com o esforço da pesca em cenários futuros. Ambas são espécies predadoras e de interesse econômico, e sua redução afeta negativamente os serviços ecossistêmicos e aumenta a probabilidade de extinção local. De forma geral, o cenário de declínio dessas espécies nos alerta para a necessidade de alternativas sustentáveis de manejo do estoque pesqueiro. Nesse sentido, por mais que os indicadores nos mostrem que a pesca neste trecho do Alto rio Araguaia é atualmente sustentável, ainda assim, há necessidade de se dar atenção aos estoques pesqueiros de interesse comercial.