DETERMINANTES AMBIENTAIS E ESPACIAIS DA COMPOSIÇÃO E DA DIVERSIDADE DE PLANTAS LENHOSAS DE FORMAÇÕES SAVÂNICAS DO CERRADO
ECOLOGIA, PADRÕES BIOGEOGRÁFICOS, PLANTA-SOLO, LCBD.
O entendimento da contribuição dos fatores determinísticos e estocásticos como processos estruturadores de comunidades de plantas em grande escala, dependem da compilação de metadados das condições ambientais, espaciais e bióticas. Aqui nós utilizamos extensa base de dados com o objetivo de quantificar e separar a influência de processos determinísticos (ambiente) e estocásticos (espaço) na composição de espécies lenhosas na maior e mais biodiversa savana Neotropical. Compilamos dados de 128 sítios amplamente distribuídos no Cerrado brasileiro e amostrados com metodologia padronizada. Esses sítios ocorrem em condições ambientais distintas e representam majoritariamente a vegetação savânica do Cerrado: sítios em solos profundos e relevo plano a suavemente ondulado – Cerrado Típico (CT, n = 95) e sítios em solos rasos, com afloramentos rochosos e relevo acidentado – Cerrado Rupestre (CR, n = 33). Empregamos PCoA para avaliar a dissimilaridade da composição de espécies entre CR e CT; LCBD para determinar quais dos sítios CR e CT contribuem mais com a diversidade beta; RDA para investigar a relação entre condições ambientais, distribuição espacial e a composição de espécies; GDM para modelar os efeitos do solo, do clima e do espaço na composição de espécies nos dois ambientes. As condições climáticas foram semelhantes entre CR e CT, mas a textura, o conteúdo de matéria orgânica e a acidez dos solos diferiram entre os ambientes, com maiores valores no CR. Os dois primeiros eixos da RDA explicaram, respectivamente, 40% e 23% da variação na composição de espécies que foi associada principalmente às propriedades dos solos. Cinco sítios CR e 10 sítios CT, localizados principalmente na porção central do bioma, foram aqueles que mais contribuíram para a diversidade regional de espécies. As condições edáficas e climáticas explicaram melhor a diversidade beta do que a distribuição espacial dos sítios. As condições climáticas e principalmente edáficas (processos determinísticos) explicam melhor a diversidade beta em comunidades lenhosas do Cerrado brasileiro, do que a influência do espaço (processo estocástico). Assim as mudanças antrópicas nos ambientes de Cerrado podem alterar a distribuição da flora desse Bioma.