Padrões de diversidade e estruturadores de comunidades lenhosas de savana sobre substratos distintos
savana, preditores ambientais, turnover, propriedades dos solos
No bioma Cerrado, a composição e a estrutura da vegetação lenhosa podem ser influenciadas por diferentes fatores que atuam em diferentes escalas espaciais, principalmente entre fisionomias com os solos marcadamente distintos, como por exemplo, o Cerrado Típico (CT) ocorre sobre solos planos, profundos e bem drenados, enquanto o Cerrado Rupestre (CR) se estabelece em relevo acidentado, solos rasos e com afloramento rochoso. Neste estudo, investigamos como as plantas lenhosas de dois ambientes savânicos, distinguíveis pelo tipo de substrato sobre os quais ocorrem (CT e CR) respondem aos gradientes de preditores regionais (climáticos e topográficos) e locais (propriedades edáficas), e estabelecemos os limiares ecológicos e os pontos de mudança em nível comunitário e populacional. Além disso, também avaliamos as variações na composição e na diversidade beta de espécies lenhosas, assim como as mudanças nas propriedades edáficas considerando dois ambientes distintos (Cerrado Rupestre e Cerrado Típico). Nossos resultados revelaram que os ambientes de CT e CR apresentam diferentes limiares ecológicos e pontos de mudanças a nível comunitário e populacional considerando as plantas lenhosas, tanto em escala regional quanto local. Também evidenciamos que há clara dissimilaridade da flora lenhosa entre savanas CT e CR, embora as propriedades físicas e granulométricas das camadas superficiais dos solos não diferem entre esses ambientes. Constatamos também que a diversidade beta da flora lenhosa entre os sítios de ambos os ambientes é exclusivamente determinada pela substituição de espécies, sendo que os sítios mais marginais e centrais do Bioma foram os que mais contribuíram para a diversidade beta. Estes resultados demonstram que a variabilidade edáfica e topográfica nesses ambientes parece ter sido mais efetiva para explicar as variações nas respostas das comunidades do que os preditores climáticos. Nossos achados também revelaram que pela primeira vez que os padrões de diversidade beta para a flora lenhosa desses ambientes são regidos pela alta substituição de espécies entre as comunidades. Acreditamos que a elevada diversidade beta é um reflexo da alta variação florística das plantas lenhosas, que apresentam flora singular entre os locais amostrados, em função de suas características geográficas e topográficas, e não somente pelas características edáficas.