DIVERSIDADE, PREVALÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DE
ENTEROPARASITAS EM DIFERENTES HOSPEDEIROS
DE TRÊS BIOMAS BRASILEIROS
Protozoários; Helmintos; Parasitas intestinais; Zoonose;
Brasil
ZANETTI, Andernice dos Santos. Diversidade, prevalência e distribuição de
enteroparasitas em diferentes hospedeiros de três biomas brasileiros.
Cáceres: UNEMAT, 2021. 186 p. (Tese – Doutorado em Ciências Ambientais)1
.
Objetivo: Analisar a prevalência, diversidade e distribuição de enteroparasitas
em animais domésticos e silvestres provenientes de três biomas brasileiros
(Pantanal, Amazônia e Cerrado), e as suas interações com os seres humanos.
Métodos: Estudo de diversidade biológica e de hospedeiros, com inferências de
relacionamento entre espécies de organismos. Foram utilizados métodos de
revisão sistemática e meta-análise de dados previamente publicados no Brasil
acerca de infecções por Blastocystis spp. e Entamoeba spp. Foram realizadas
coletas de 410 amostras fecais de animais domésticos e silvestres de regiões
dos biomas brasileiros, Pantanal (155 amostras), Amazônia (131) e Cerrado
(124). Exames coprológicos foram realizados com as técnicas de Hoffman e
Sheather. O teste qui-quadrado foi usado para avaliar diferenças significativas.
O índice de diversidade de Shannon mediu a diversidade, abundância e
equitabilidade das espécies de parasitas. Resultados: As análises
determinaram uma prevalência geral combinada de infecções por Blastocystis
spp. em humanos no Brasil de 24% e por Entamoeba spp. de 22%. Dentre os
animais, os mamíferos resultaram os mais prevalentes nas infecções por ambos
protozoários. Os subtipos de Blastocystis spp. identificados nos diferentes
hospedeiros foram os compreendidos desde o ST1 até ST8. Dentre as espécies
identificadas de Entamoeba spp., E. coli resultou a mais prevalente com 86,5%,
E. dispar (7,9%), E. histolytica (3,1%) e E. hartmanni (1,9%). A prevalência geral
de infecção por parasitas intestinais nas 280 amostras coletadas dos diferentes
animais domésticos de produção e silvestres no estado foi de 79,64%. Os
animais domésticos de produção apresentaram uma positividade de 87% e os
animais silvestres 51%. Blastocystis spp. foi o protozoário mais prevalente
seguido do Complexo Entamoeba histolytica. Entre os helmintos os
ancilostomídeos foram os mais prevalentes, seguido de Ascaris spp. A
diversidade de espécies foi alta em todos os biomas, porém a análise de
diversidade e equitabilidade de Shannon registrou maiores índices no bioma
Pantanal (H=2,3143; E=0,7381), seguido da Amazônia (H=2.1483; E=0,7933) e
Cerrado (H=1,9487; E=0,7384). A prevalência geral de infecção por parasitas
intestinais nas 130 amostras coletadas de cães dos biomas foi de 57%. Entre os
helmintos os ancilostomídeos foram os mais prevalentes, seguido de Toxocara
spp. Os protozoários mais prevalentes foram Blastocystis spp. seguido de
Giardia spp. e Entamoeba coli. A diversidade de espécies foi alta em todos os
biomas e não houve diferença estatística significativa entre as prevalências dos
biomas estudados. Conclusões: Através da meta-análise foi observada uma
alta prevalência de infecção por Blastocystis spp. e Entamoeba spp. na
população brasileira. Blastocystis spp. apresentou prevalências de até 40% nas
regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Entamoeba spp. com prevalências de até
50% nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Embora existam porcentagens
de prevalências contrastantes entre as diferentes regiões, existe uma ampla
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distribuição de Blastocystis spp. e Entamoeba spp. no Brasil, o que reflete os
problemas sanitários ainda existentes em todo país. Entre os animais, os
mamíferos exibiram as taxas de prevalência de Entamoeba spp. e Blastocystis
spp. mais altas, e os animais domésticos de criação e os silvestres em cativeiro
são possivelmente os mais relacionados à transmissão desses protozoários
intestinais no Brasil. Nas análises coprológicas das amostras coletadas de
diferentes animais, domésticos de fazenda, pets (cães) e silvestres, nos três
biomas, foi observada uma alta prevalência e diversidade de enteroparasitas. A
análise de diversidade de espécies revelou a presença de 24 espécies de
parasitas, sendo Blastocystis spp. e o complexo Entamoeba histolytica os
protozoários mais prevalentes, e ancilostomídeos, Ascaris spp. e Toxocara spp.
os helmintos de maior prevalência. A semelhança de prevalências e diversidade
de espécies encontrada nos três biomas estudados pode ser explicada pelas
condições de temperatura e umidade, práticas de manejo nas propriedades
rurais e programas sanitários de controle de agentes infecciosos praticamente
iguais nos três municípios a que pertencem. A sobreposição de áreas contendo
animais silvestres e animais domésticos neste estudo aponta para o risco de
troca de parasitas entre as espécies. Nossos resultados evidenciam a
necessidade de maiores investigações e implantação de medidas de controle de
infecções enteroparasitárias de áreas rurais próximas a fragmentos de florestas,
pois os animais domésticos mantêm as infecções em ambientes domésticos e,
assim, podem ser responsáveis pela transmissão de diversos parasitas à
animais silvestres que vivem nas proximidades, bem como para os humanos, o
que significa que o risco de doenças em animais e zoonoses é alto nessas áreas.