O projeto de Colonização Terranova: História Ambiental, necessidade e possibilidade da Educação Ambiental
Colonização. Projeto Terranova. Crise socioambiental. Educação Ambiental.
Esta tese aborda a História Ambiental do Projeto de Colonização Terranova localizado nos municípios de Terra Nova do Norte e Nova Guarita no extremo-Norte de Mato Grosso. A abordagem retrata a configuração histórica e atual no tocante à relação desta sociedade com a natureza em seus locais de vida. O Projeto de Colonização Terranova trata-se de um processo de reocupação desse território, via Colonização Oficial do governo militar implantado no ano de 1978 através do INCRA e da Cooperativa Coopercana. Neste Projeto foram assentadas famílias camponesas sem-terras que ocupavam ilegalmente as reservas indígenas da região do alto Uruguai – RS, onde viviam em situação de conflito pela posse da terra. A partir do enfoque da História Ambiental, a problemática central da tese procurou responder as seguintes indagações: Quais condições socioambientais levaram/motivaram os sulistas da região do Alto Uruguai/RS aceitar a proposta de migrar para o Projeto de Colonização Terranova no Norte de Mato Grosso?Como se deu o processo de apropriação e uso da natureza, tendo em vista a crise socioambiental vivida pelos camponeses atualmente na área de estudo da pesquisa? O objetivo da pesquisa é analisar as relações entre sociedade e natureza, representadas pelos camponeses e o Projeto Terranova, na perspectiva da História Ambiental, para o enfrentamento e superação dos desafios à crise socioambiental local por meio das possibilidades ofertadas pela educação ambiental.A abordagem do estudo tem por base a pesquisa qualitativa. Nesta perspectiva e de modo a contemplar os objetivos traçados e responder às questões da tese, foi definindo o método dialético para a abordagem científica da pesquisa. Quanto aos procedimentos e técnicas de coletas de dados utilizamos, primeiro a pesquisa bibliográfica e documental. Em seguida, para os dados de campo utilizamos a observação participante, caderno de campo e entrevistas semiestruturadas tendo por base métodos da história oral de vidas e a entrevista compreensiva. Os interlocutores participantes são camponeses remanescentes nos lotes rurais desde o início do Projeto. Os resultados mostram que a criação e implantação do Projeto Terranova desconsiderou o povo indígena krenakarore, que habitavam esse território. Desconsiderou, também a realidade socioambiental dos camponeses migrantes em suas trajetórias de vida e a migração para o bioma amazônico sem qualquer preparação ou conhecimento do ecossistema local. O desenvolvimento do Projeto Terranova reproduziu o ethos sulista do desmatamento civilizador baseado na exploração dos recursos naturais e na produção de matérias prima para os mercados nacionais e internacionais. No processo de reocupação foi implantado um modelo de desenvolvimento baseado na exploração dos recursos naturais, na qual as famílias camponesas foram inseridas e concebidas como pequenas unidades de produção para o mercado nacional e internacional. Consequentemente, isso gerou impactos e transformações profundas no meio ambiente levando a uma crise socioambiental local que impõe a essa sociedade a busca de alternativas de enfrentamento da crise e a construção de uma vida coletiva mais sustentável.