SUBJETIVAÇÃO RELIGIOSA/ESPIRITUAL NO ESPAÇO-TEMPO ESCOLAR: PROBLEMATIZAÇÕES A PARTIR DE ESTUDANTES DO TERCEIO ANO DO ENSINO MÉDIO
Religiosidade/Espiritualidade . Escola/Educação . Modos de Subjetivação
Objetiva-se, nesta dissertação, problematizar relações de saber-poder e verdade presentes em práticas discursivas e não discursivas das diversas religiosidade(s)/espiritualidade(s) assumidas por estudantes do Terceiro Ano do Ensino Médio da Escola Estadual Deputado João Evaristo Curvo, no município de Jauru/MT. Analisa-se regimes discursivos religiosos/espirituais e educacionais, a partir de conceitos centrais da obra do filósofo francês Michel Foucault (1984; 1979; 1999; 2008; 1996), como os de saber-poder-verdade e subjetivação. A pesquisa tem como intercessores teóricos, também, Nietzsche (2015; 2017; 2019; 2022), Deleuze e Guattari (1995), Deleuze e Parnet (1998), Larrosa (1994), Veiga-Neto (2016) e Fisher (2001;2012). Utiliza-se algumas ferramentas disponibilizadas por esses autores para produzir, inicialmente, um exercício cartográfico de conceitos Foucaultianos a fim de compreender as relações de ser-saber, ser-poder, e modos de subjetivação, para pensar posteriormente, como o pertencimento de um sujeito a uma determinada orientação religiosa/espiritual movimenta regimes discursivos e jogos de verdade em suas experiências escolares. Realiza-se um exercício arqueogenealógico, analisando as seguintes práticas discursivas: Cartas do Padre Jesuíta Manoel da Nóbrega, Transcrições da Audiência Pública Nº 17, realizada pelo Min. do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso em 15 de julho de 2015 e documentos educacionais nacionais e estaduais de Mato Grosso. Esse exercício apontou encontros, permanências, rupturas, condições de possibilidades para a emergência de discursos a respeito de educação, escola, religião, religiosidade e espiritualidade. Essas ferramentas teórico-metodológicas permitiram ainda, problematizar como mecanismos de controle discursivos entrem em jogo na ordem do discurso selecionando e excluindo, em relações de saber-poder, enunciados que objetivam, conformam, normatizam e produzem sujeitos disciplinados. A pesquisa empírica com os estudantes fora realizada utilizando como instrumentos um questionário de Escala de Bem-Estar Espiritual (EBE) e um roteiro de Entrevista não-estruturada para compreender como os discursos que circulam nesses espaços incidem sobre seus corpos e mentes, constituindo-os como sujeitos dotados de uma moralidade. Conclui-se que o saber-poder que circula nos espaços religiosos é produtivo e pode ser percebido nas vivências escolares dos alunos do Terceiro Ano do Ensino Médio, sujeitos aqui pesquisados.