TRAJETÓRIA DE ESTUDANTES INDÍGENAS EM ESCOLAS URBANAS DE TANGARÁ DA SERRA:
desafios e possibilidade a partir do encontro de culturas
Povos Indígenas; Educação Escolar; História Oral; Cultura, identidade e diferença.
Na busca em refletir sobre uma escola que respeita a diferença, com foco nas concepções culturais, esta pesquisa propõe investigar aspectos determinantes e da vivência na inserção de alunos indígenas em escolas urbanas na cidade de Tangará da Serra-MT. A pesquisa envolve desde a identidade dos estudantes, aos motivos que os levam a buscar uma educação fora de sua comunidade, além de debruçar sobre as demandas e possibilidades percebidas por estes estudantes e análise histórica de seus familiares que detém a guarda. Para alcançar este objetivo, optamos por trabalhar com História Oral, apoiado nas concepções teórico-metodológica de Garnica (2001, 2004, 2006, 2010), Silva (2000); Garnica, Fernandes e Silva (2011); Rolkouski (2006); Pinto, Souza e Silva (2021); Gonzales e Reis (2019); Silva e Fillos (2020); Santos (2022). Os dados foram produzidos por meio de áudios e vídeos, em entrevistas semiestruturadas, que foram transcritas e textualizadas. Estas entrevistas compuseram o corpus do relatório de pesquisa como fonte de análise aos leitores, em forma de capítulo, dado que cada leitor poderá produzir sua própria significação nessa teia cultural. A composição analítica permite a produção de/com narrativas, com foco na produção de fontes históricas, que dão amplitude ao cenário dos povos indígenas que frequentam as escolas urbanas de Tangará da Serra - MT. Para a análise, aproveitamos concepções de autores que tratam das temáticas cultura, identidade, diferença, Estudos Culturais e que debruçam sobre a cultura indígena como forma de compreensão da riqueza ontológica, epistemológica e idiossincrática. Foi possível identificar que há uma influência determinante dos jesuítas para que hoje estes alunos venham abandonar seu território e passar a morar na cidade. Como uma espécie de conexão à longo prazo, em que o objetivo de extermínio do modo de ser e viver indígena, desejado pelo Padres, se concretize no tempo presente. A pesquisa também identificou entraves difíceis de serem enfrentados pelos estudantes e seus familiares, principalmente o preconceito em forma de narrativas estereotipadas e até toque no corpo indígena, que causam dois movimentos. O primeiro é de revolta e resistência, sendo o segundo de necessidade de afirmação da identidade indígena. Movimento que vem sendo reduzido a cada geração que deixa a aldeia e adentra nos espaços urbanos, como a escola, por exemplo. Por fim, destaco que a escola ainda é incipiente para um trabalho que considere a cultura indígena da região e valore a presença de seus partícipes na escola e na sociedade civil, algo que gera um alerta quanto ao respeito e valorização da diferença como forma de conduta a ser ensinada via educação escolar.